A Bola da Minha Infância
 
Ò minha bola redonda
Minha bola redondinha,
Só me sentia feliz
Quando na mão te tinha.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de borracha,
Andar de mão em mão
E sentir a sua graça.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de cortiça,
Fazer tudo o que queria
Sem nunca sentir preguiça.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de Cristal,
Fazer tudo o que queria
Mas nunca fazer o mal.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de algodão,
Sentir o seu macio
E voar p'ra a tua mão.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola trapos,
Encher teu coração
Quando te sentes em farrapos.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de balão,
Subir bem alto
E descer à tua mão.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de berlim,
Correr o mundo
E parar ao pé de ti.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de sabão,
Sentir o seu fresquinho
E lavar a tua mão.
Quem me dera passar pelo mundo
Como uma bola de neve,
Desenrolar teu coração
Que o meu não se atreve.


ANA LAIA CARDOSO
Coimbra, 1993